Durante audiência pública realizada na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (29), o deputado federal Evair de Melo (Progressistas-ES) confrontou diretamente o ministro da Previdência, Carlos Lupi, ao afirmar que alertou o governo sobre os descontos indevidos nos benefícios do INSS ainda em março de 2023. “No dia 07 de março de 2023 eu notifiquei o gabinete do senhor sobre esses descontos irregulares”, declarou Evair. 

    O deputado capixaba, mesmo após reiteradas denúncias — incluindo novos ofícios enviados em março do mesmo ano —, o Ministério da Previdência não tomou medidas eficazes para estancar o esquema de fraudes que, segundo estimativas, já causou um rombo de mais de R$ 6 bilhões aos cofres públicos e afetou milhares de aposentados e pensionistas.

    Evair de Melo apresentou um total de 28 proposições nos últimos anos, alertando para irregularidades no sistema previdenciário. Ele entregou documentos e requerimentos não apenas ao Ministério da Previdência, mas também à Polícia Federal, à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Advocacia-Geral da União (AGU), todos denunciando a prática sistemática de descontos não autorizados em contracheques de beneficiários.

    O parlamentar criticou duramente o ministro Carlos Lupi por, ignorar os alertas e não agir diante das evidências que já vinham sendo expostas. “O Ministério tinha as informações. O governo tinha conhecimento. O que faltou foi vontade para enfrentar a roubalheira”, disse.

    Durante sua fala, Lupi reconheceu que houve irregularidades nos descontos, mas tentou transferir a responsabilidade ao afirmar que o processo de autorização seria uma decisão entre beneficiários e entidades, e que a pasta não teria ingerência direta. A resposta não convenceu o parlamentar, que reagiu com críticas contundentes.

    A audiência foi marcada por embates intensos entre membros da oposição e da base aliada. Evair de Melo manteve o tom firme e exigiu medidas concretas, como a responsabilização das entidades envolvidas e o ressarcimento imediato aos aposentados lesados. “Essa conta não pode ficar com quem trabalhou a vida inteira. Alguém tem que pagar”, concluiu.