PREJUÍZOS NO SETOR AGRO DO ESPÍRITO SANTO E RIO GRANDE DO SUL ATINGEM CIFRAS ALARMANTES

Chuvas catastróficas destroem lavouras e impactam economia

Embora o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul sejam regiões distintas com suas particularidades geográficas e econômicas, ambos enfrentam desafios similares, porém únicos, devido às intensas chuvas que têm atingido seus setores agrícolas. Cada estado possui sua própria realidade: enquanto o Espírito Santo luta com a devastação de culturas de café e frutas, fundamentais para sua economia, o Rio Grande do Sul enfrenta perdas significativas em sua produção de grãos e pecuária. Essas diferenças sublinham a complexidade dos impactos climáticos e exigem estratégias de mitigação e recuperação que reconheçam e se adaptem às especificidades de cada região.

No Espírito Santo, a crise provocada pelas chuvas incessantes se agravou, causando devastação extensa nas áreas agrícolas e nas vidas dos habitantes locais. As tempestades resultaram na perda de lavouras inteiras e na trágica morte de agricultores, pegos de surpresa pela força das águas. Regiões focais do cultivo de café, responsável por cerca de 30% da produção nacional, assim como áreas de cultivo de pimenta-do-reino e mamão, sofreram quedas estimadas de 20% na produção.

A tragédia se espalhou por 13 municípios, porém cinco deles foram severamente afetados: Vargem Alta, Mimoso do Sul, Bom Jesus do Norte, Apiacá e Muniz Freire. Segundo dados da Defesa Civil, o número de pessoas afetadas é alarmante: 7.296 desalojadas e 408 desabrigadas, com 7 pessoas desaparecidas. A situação é particularmente grave em Mimoso do Sul e Apiacá, onde foram registradas 18 mortes. Em Bom Jesus do Norte e Apiacá, os números de desalojados e desabrigados são particularmente altos, destacando a escala da crise humana que acompanha o desastre natural.

O impacto econômico também é substancial. Entre estruturas públicas e privadas, o prejuízo já ultrapassa R$182 milhões, com danos adicionais em mais de 200 quilômetros de estradas de acesso e 50 pontes danificadas, complicando significativamente a recuperação das áreas afetadas. Este dano à infraestrutura compromete não apenas a safra atual, mas também o planejamento e a logística para as futuras colheitas.

Segundo a Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, a devastação nas áreas rurais ultrapassa os R$72 milhões em perdas de produção agrícola, ilustrando a severidade do impacto das chuvas no sul do Espírito Santo. Com 41 alertas vigentes e uma comunidade agrícola profundamente abalada, o estado enfrenta um longo caminho de recuperação e a necessidade urgente de apoio para reconstruir e fortalecer sua capacidade de resposta a futuras adversidades climáticas.


Enquanto isso, o Rio Grande do Sul também não escapou das adversidades climáticas. As chuvas torrenciais e enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde 29/04 têm impactado de forma devastadora tanto a população quanto o setor agrícola do estado. Os danos relacionados à agricultura mais significativos foram registrados em soja, arroz e feijão 2ª safra, afetando severamente as lavouras maduras e comprometendo a qualidade dos grãos, devido ao prolongado encharcamento. Na área urbana até o momento, 464 municípios foram afetados, resultando em um cenário catastrófico com 76.188 pessoas abrigadas em locais seguros, 581.633 desalojadas e um total de 2.339.508 pessoas diretamente afetadas pelos eventos climáticos. Além disso, 806 pessoas estão feridas e 85 continuam desaparecidas. O número de óbitos confirmados já alcança 157, evidenciando a gravidade da situação.

Além das lavouras, as pastagens e a produção pecuária sofrem enormemente. A morte de animais e a interrupção da produção leiteira são apenas alguns dos problemas enfrentados pelos agricultores, que se prolongarão por tempo indeterminado nas regiões mais afetadas. A infraestrutura também é severamente danificada, com a destruição de estradas, pontilhões e pontes, dificultando ainda mais o transporte da produção.

Em termos de resgate, 76.483 pessoas e 11.002 animais são salvos das condições adversas, demonstrando o esforço hercúleo realizado pelas equipes de emergência. A situação ainda exige uma avaliação completa das perdas, que será divulgada em breve, mas a dificuldade de acesso às áreas mais afetadas complica esse processo.

Enquanto as autoridades e voluntários em ambos os estados trabalham incansavelmente para mitigar o sofrimento e reconstruir o que foi perdido, estas tragédias destacam a importância da preparação para desastres naturais e da solidariedade nacional em tempos de crise. A reconstrução será longa e árdua, mas a determinação e a solidariedade do povo brasileiro são fontes de esperança em meio à adversidade.


"Estive pessoalmente nas áreas afetadas e vi de perto a destruição e os inúmeros problemas enfrentados pela população. É devastador testemunhar a perda de lavouras inteiras e a destruição de vidas e propriedades. A experiência adquirida tanto no Espírito Santo quanto no Rio Grande do Sul foi dolorosa, mas também me mostrou a resiliência e a força do nosso povo. Estamos comprometidos em oferecer todo o suporte necessário para a recuperação dessas regiões," afirmou o deputado Evair de Melo.